O Brasil hoje importa 98% do lúpulo que consome, o que corresponde a cerca de 1 bilhão e 100 milhões de reais. Os dados foram apresentados hoje (20) à tarde pelo coordenador da Câmara Setorial das Bebidas Regionais, Diego Machado, membro da Federação Brasileira das Cervejas Artesanais (Febracerva), em reunião virtual da Câmara.
Segundo Machado, o Rio Grande do Sul já tem um núcleo forte de produção de lúpulo na região da Serra e no Vale do Caí, mas o principal gargalo é o beneficiamento, que ainda é muito caro. “Para avançar, é preciso reduzir estes custos, buscar um seguro safra, o zoneamento agrícola e aprofundar os estudos que possam desenvolver um lúpulo especificamente gaúcho, com terroir próprio”, afirma.
O pesquisador do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA), da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (SEAPDR), Alexander Cenci, apresentou os resultados do primeiro ano de trabalho do Projeto Monitoramento e Desenvolvimento da Cultura do Lúpulo, desenvolvido em parceria com a Emater-RS/Ascar, Universidade de Caxias do Sul (UCS) e Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs).
O projeto contou com a participação de nove produtores e os resultados apontam que a maioria das propriedades que cultivam lúpulo, 71%, é de áreas com até 50 hectares. E 50% dos produtores não têm como principal renda a agropecuária, têm algum tipo de vínculo com o mundo das cervejas artesanais e busca rentabilidade num novo negócio. Além disso, a pesquisa mostrou também um perfil mais jovem e empreendedor: 62,5% têm idade entre 30 e 39 anos. Entre as principais dificuldades detectadas pela pesquisa estão a comercialização do produto.
“É um projeto significativo que pode estimular a geração de renda e uma opção para substituição de outras culturas que já não apresentam o mesmo rendimento”, destaca Cenci.
De acordo com Gabriel Assmann, Coordenador Geral de Projetos de Fomento e Infraestrutura do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), estão em andamento estudos de viabilidade técnica do lúpulo, a produção de um Manual de Boas Práticas e uma proposta de desenvolvimento de políticas públicas para compra de pequenas plantas de beneficiamento e treinamento de técnicos. Segundo Assmann, no próximo dia 17/11, vai ocorrer um evento de divulgação deste projeto do lúpulo e no final do ano a publicação de um livro.
O agrônomo Marcus Outemane, da Aprolúpulo e representante da Salva Craft Beer, apresentou o trabalho desenvolvido por eles com seis produtores de lúpulo. A indústria dá assistência técnica e garante a compra da safra. “O projeto está tendo sucesso e devemos ampliar a produção para uma área maior em breve”, destaca.
Entre os encaminhamentos da reunião, a inclusão da Aprolúpulo nas reuniões da Câmara Setorial, o estudo de viabilidade de um programa de fomento da cultura do lúpulo, a busca de ampliação do orçamento para a cadeia através do Feaper e a divulgação na cadeia produtiva da possibilidade de utilizar os recursos do programa APL (Arranjos Produtivos Locais), da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec).
O vice-presidente da Aprodecana, Matheus Menegotto, apresentou o trabalho desenvolvido pela entidade nos seus 22 anos e a campanha de regularização dos produtores de cachaça. Segundo ele, 90% dos produtores de cachaça não são legalizados no Brasil.
Participaram da reunião: Aprodecana, Mapa, Emater, Sefaz, Sedec, Febracerva, AGM, Aprolúpulo e Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural.
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